Instrutora Ana Luísa Paulo

A nossa evolução dá-se através da qualidade das relações que estabelecemos com o nosso corpo, a nossa mente, a nossa essência e com o ambiente que nos circunda.

Situado entre Santa Cruz e A-dos-cunhados, junto ao Vimeiro aí nos encontra, mais propriamente Casal D' Além!

Uma forma de estar mais saudável e inteligente.

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Professora Ana Luísa Paulo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


O Elogio da Escuridão
[…]
Não permiti que a cegueira me derrotasse. Além disso, meu editor me trouxe excelentes notícias: se eu lhe entregasse 30 poemas por ano, ele os publicaria em forma de livro. Trinta poemas. Para isso era preciso disciplina, especialmente quando é necessário ditar cada linha. Ao mesmo tempo, porém, eu tinha suficiente liberdade, porque num ano surgem 30 oportunidades para escrever um poema. A cegueira não foi para mim uma desgraça total. Deveria ser considerada como um modo de viver, nem por isso completamente infeliz; um estilo de vida como qualquer outro.
Ser cego tem as suas vantagens. Pessoalmente, devo certas dádivas às sombras: o anglo-saxão e os rudimentos do islandês. Existe também a alegria de muitos poemas, além de ter escrito livros, inclusive um chamado, não sem alguma duplicidade, como se de um desafio se tratasse, O ELOGIO DA ESCURIDÃO. Os cegos também se sentem cercados de carinho. Todo mundo tem afeto pelos cegos.
O poeta espanhol frei Luis de León escreveu:
Quero viver comigo,
Gozar o bem que devo aos céus,
Sozinho, sem testemunhas,
Livre do amor, do ciúme,
Do ódio, da esperança, dos cuidados.
 
Se concordarmos que entre as benesses que nos são enviadas pelos céus está a escuridão, quem poderá viver melhor consigo próprio, quem será capaz de se conhecer melhor, como disse Sócrates, do que um cego?
Gostaria de evocar aqui outros casos ilustres. Não sabemos se Homero existiu mesmo; talvez não houvesse um só Homero mas muitos gregos escondidos sob esse nome. Eles, porém, gostavam de imaginar que o poeta era cego, para realçar o fato de que a poesia é antes de tudo música, e a faculdade visual pode ou não estar presente num poeta.
A cegueira de John Milton foi propositada. Ele estragou sua visão escrevendo panfletos em defesa da execução do rei pelo parlamento. Costumava dizer que havia perdido a vista em defesa da liberdade. Ele falava dessa nobre tarefa e não se queixava por ser cego. Compunha versos e sua memória melhorou. Após cegar, Milton passava muito tempo sozinho. Escreveu um longo poema, PARAÍSO PERDIDO, sobre o tema de Adão, pai de todos nós. Embora cego, Milton conseguia manter na cabeça 40 ou 50 hendecassílabos, que depois ditava às pessoas que vinham visitá-lo. Foi assim que escreveu PARAÍSO PERDIDO.
Vamos lembrar outro exemplo, o de James Joyce. A quase infinita língua inglesa, que tantas possibilidades oferece ao escritor, não lhe era suficiente. O irlandês Joyce lembrou-se de que Dublin havia sido fundada por vikings dinamarqueses. Assimilou o norueguês, depois estudou grego e latim. Aprendeu muitos idiomas, e acabou escrevendo num idioma que ele próprio inventou, difícil de entender, mas que possui uma estranha musicalidade. E declarou corajosamente: "De todas as coisas que me aconteceram, a menos importante foi a cegueira." Parte da vasta obra que deixou foi escrita na escuridão, trabalhando as frases de memória, às vezes passando um dia inteiro preocupado com uma única frase.
Um escritor, um artista ou qualquer pessoa deveria ver nas coisas que lhe sucedem uma como ferramenta, deveria pensar que tudo lhe é dado com alguma finalidade. O que lhe acontece, inclusive as humilhações, fracassos, desgraças, é-lhe dado como uma argila, como matéria para sua arte. É preciso tentar beneficiar-se disso. Tais coisas nos foram destinadas para as transformarmos, a fim de que, a partir das circunstâncias dolorosas de nossas vidas, possamos fazer algo de eterno ou que aspire a sê-lo. Se um cego pensar dessa maneira, estará salvo. A cegueira é uma dádiva.
Pense no crepúsculo. Ao cair da noite, as coisas mais próximas desaparecem, exatamente como o mundo visível se afastou de mim, talvez para sempre. A cegueira não é uma desgraça total. É mais um instrumento que o destino ou a sorte colocou em nosso caminho.
(JORGE LUIS BORGES)


domingo, 22 de janeiro de 2012

 “A Luz não deve temer a Treva,
Pois quando as duas se confrontam
É sempre a claridade que faz a escuridão recuar
E nunca o contrário.”
DeRose
Texto extraído do livro Tratado de Yôga

domingo, 1 de janeiro de 2012

Auto Realização - Meditação

O Psicólogo Abraham Maslow na década de 50 e 60 estou um grupo de pessoas bem sucedidas a quem chamou "auto realizados". Essas pessoas levavam vidas diferentes e altamente individualizadas. 

" À superfície não havia uma semelhança óbvia entre um empresário bem sucedido, um romancista famoso e um grande maestro. No entanto por detrás dos seus diferentes estilos de vida, Maslow descobriu  que muitos tinham "experiências de pico", momentos de intenso bem estar e alegria. Durante os seus momentos de pico, estas pessoas sentiam uma total transformação da sua realidade pessoal. Obstáculos que pareciam enormes na vida comum tornavam-se rivísiveis. Uma sensação extraordinária de poder inundava-os. Sentiam-se profundamente calmos e em sintonia com a vida.

Os atletas e artistas mais talentosos de todos os tipos poderão testemunhar momentos em que sem esforço excedem as suas capacidades conhecidas. Conforme descreve a campeã de basquetebol Patsy Neal:
- Há momentos de glória que ultrapassam a expectativa humana, a capacidade física e emocional do índivíduo. Alguma coisa inexplicável toma conta e respira vida para dentro da vida conhecida. A Atleta vai além de si mesma; ela transcende o natural - ela quase flutua no seu desempenho, indo buscar forças de que nunca se tinha apercebido antes.

Uma experiência de pico, descobriu Maslow, era estremamente terapêutica. Os pacientes dele atribuíam  alterações significativas nas suas vidas a realizações que lhes tinham acontecido subitamente  em momentos de pico: confiança e criatividade renovadas, soluções inesperadas para dilemas desconcertantes e a certeza de que nenhum medo os pode atingir. Em alguns casos, depressões e neuroses de ansiedade de longa data desaparecem da noite para o dia, para não voltarem mais.

No entanto ele não encontrou uma maneira de dar a alguém uma "experiência de pico", nem qual era a sua fonte. Sem uma técnica para transcender, ele só podia esperar por esses momentos ocasionais em que as cortinas se abrem e a psique vê para além do seu estado de vigil normal.

Foi somente quando a ciência começou a investigar seriamente a meditação que o carácter elusivo deste fenómeno foi completamente explicado. Afinal uma experiência de pico ou a sensação de estar no fluxo apontam para um estado mais profundo e mais sustentado que os pesquisadores rotularam de "superfluidez". A superfluidez  assemelha-se ao fluxo em que é exigido um menor esforço na actividade, esforço esse que é reduzido para um mínimo absoluto. No estado superfluido, a acção torna-se completamente automática - o fazedor funde-se na sua tarefa, o pensador nos seus pensamentos, o artista na sua arte.

Descrição de um meditador
- Uma sensação suave mas forte de igualdade bem aventurada está presente a maior parte do tempo, tanto na mente como no corpo. Fisicamente, é sentida como uma vivacidade extremamente aprazível em todo o corpo. Esta igualdade é mantida tão profunda e estável que é mantida diante de uma grande actividade - diminui o impacto em relação a todas as perturbações e torna todas as actividades fáceis e agradáveis"
                                                                                                                                                                                                                                                                     Deepak Chopra, "Saúde Perfeita"

A meta de qualquer Yôga legítimo é a meditação. Atingir esta meta exige ao comum mortal um trabalho que se traduz no posicionamento que escolheu para estar na vida.

A percepção normal de nós mesmos em estado vigil é geralmente pouco dotada para que nos apercebamos de quanta alegria existe dentro de nós. 
Já tinha tomado consciência disto?


O resultado da sua prática de Yôga poderá ter frutos maravilhosos em todas as áreas da sua vida. O auto conhecimento hoje em dia  é uma ferramenta indispensável à nossa  realização pessoal e evolução humana.

Ana Paulo